A chuva cobria a região. O vento frio trazia uma brisa suave. Normal, Ela já estava acostumada. Gostava disso. Ela ficava inspirada assim. Arrumava os longos cabelos, sentava em uma cadeira ao lado da janela e, sobre uma escrivaninha com pouca iluminação, fazia mágicas. Construía mundos, fazia prédios, amores e chocolates. Escrevia simples sentimentos complexos.
Ele era o máximo, era impulso, era Dela. Tinha suas cicatrizes, causadas pelo tempo, causadas por Ela. Já tinha percorrido o mundo, conhecido mulheres, já tivera sonhos partidos. Ainda assim ele era o máximo. Entretanto, eles se amavam. Ela o amava pois ele a saciava quando precisava de atenção. Ele a amava porque ela era tudo para ele, devia isso à Ela. Esse amor foi o que os levou à ruína.
Ele se perguntava sobre seu livre-arbítrio. Ela dizia que era Dela. Ele se perguntava sobre sua alma. Ela dizia que ele não tinha, que sua essência era outra e que o amava mesmo assim.
Mas o clímax chegara antes da hora e Ela sentia remorso pelo que teria de fazer. Queria apenas o bem dele, mas não havia outra opção. Essa essa a hora marcada. A hora em que Ela, ainda sobre a escrivaninha observando a chuva, teria que matá-lo.
Ela relutou, chorou, rasgou e redigiu. Por fim o fez. O matou usando palavras, pois ele era feito de palavras. O matou porque era necessário. O matou porque a história havia acabado para ele. Mas Ela o matou, antes de tudo, porque o amava.
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"Esse texto é dedicado à Ana que além de escritora e estranha é minha amiga.
Happy B'day ana"
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